segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Tema da semana: Brasil: O que o país tem a comemorar?

Com base nos fragmentos abaixo, redija uma dissertação sobre o tema:

Brasil: o que o país tem a comemorar?


Texto 1:

05/10/2009


A Olimpíada que perdemos. Sempre

Clóvis Rossi / Folha de São Paulo

"Nada de perder a perspectiva: os que fizeram a viagem [rumo à primeira classe] são poucos, pouquíssimos políticos, um bom número de diplomatas e funcionários públicos graduados, um número crescente mas ainda pequeno de empresários. É uma vanguarda que, se olhar para trás, verá que a grande massa ainda come poeira".

Não deixa de ser pedagógico o fato de as Nações Unidas terem divulgado o seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) apenas 48 horas depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter decretado que o Brasil passara a ser um país de "primeira classe", porque o Rio fora escolhido para sede da Olimpíada de 2016.

Não, presidente, o Brasil é de 75ª classe, a sua classificação no IDH, vexatória como sempre.

Aliás, toda vez que sai um ranking internacional que mede algum aspecto do desenvolvimento humano, o Brasil passa vergonha.

Ficou, desta vez, quase empatado com a Bósnia-Herzegovina. Ajuda-memória: a Bósnia-Herzegovina é aquele pedaço da antiga Iugoslávia que passou faz pouco menos de 20 anos por um genocídio --e nada é mais devastador para o desenvolvimento humano que uma guerra como aquela.

O Brasil, ao contrário, não tem uma guerra desse tipo desde a do Paraguai, no remoto século 19. Não obstante, empaca no desenvolvimento humano desde sempre.

O que torna ainda mais desagradável o resultado é o fato de que, nos 15 anos mais recentes, o país teve dois governos de eficiência acima do padrão usual e de proclamadas intenções sociais --algumas realizadas, outras nem tanto ou nada.

O Brasil de fato passou a ter, nos últimos anos, um peso internacional inédito na sua história, mas o IDH só dá total razão ao que escrevi domingo, para a Folha: "Nada de perder a perspectiva: os que fizeram a viagem [rumo à primeira classe] são poucos, pouquíssimos políticos, um bom número de diplomatas e funcionários públicos graduados, um número crescente mas ainda pequeno de empresários. É uma vanguarda que, se olhar para trás, verá que a grande massa ainda come poeira".

A ONU assinou embaixo. E de quebra desmontou a falácia dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) como as grandes potências de um futuro próximo. A Rússia ficou pouco acima do Brasil, no 71º lugar; a China, bem abaixo, no 92º. A Índia, então, é de terceira classe no capítulo desenvolvimento humano (134º posto).


Texto 2:

Melhorou: Brasil mantém 75º lugar no IDH, mostra relatório da ONU

Agência DIAP - 06 de Outubro de 2009

O relatório da ONU mostra que o Brasil melhorou seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), mas manteve a mesma 75ª posição no ranking de nações elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

O índice variou de 0,808 para 0,813.

O avanço se deu principalmente pelo crescimento do PIB per capita. Educação e saúde também progrediram, mas em ritmo menor.

Aumento da renda eleva IDH do Brasil

País se manteve estável, no entanto, no ranking que compara o desenvolvimento humano de 182 nações, na 75ª posição

De 2006 para 2007, o IDH brasileiro passou de 0,808 para 0,813; valores acima de 0,800 representam "alto desenvolvimento humano"

Impulsionado mais uma vez pelo aumento na renda, o Brasil registrou uma melhora em seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), mas permaneceu estável no ranking de nações elaborado anualmente pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), na 75ª posição.

O IDH varia de 0 a 1 e tenta medir o desenvolvimento humano dos 182 países comparados a partir de três dimensões: saúde, educação e PIB per capita. De 2006 para 2007 (os relatórios sempre se referem a dois anos antes), o IDH brasileiro variou de 0,808 para 0,813.

Um valor acima de 0,800 é considerado nível de alto desenvolvimento humano.Neste ano, o tema principal do relatório foi migração.

Para facilitar as análises sobre este tópico, pela primeira vez, o Pnud separou nações com IDH acima de 0,900 num grupo considerado de muito alto desenvolvimento humano.

Fazem parte desta elite, que concentra a maioria dos imigrantes, 38 países, liderados por Noruega (0,971), Austrália (0,970) e Islândia (0,969).

Na base do ranking encontram-se Níger (0,340), Afeganistão (0,352) e Serra Leoa (0,365).

O Pnud destaca que uma criança que nascer hoje em Níger terá expectativa de viver apenas até os 51 anos, enquanto uma norueguesa deverá chegar aos 81.

"Muitos países testemunharam retrocessos nas últimas décadas devido às retrações econômicas, crises induzidas por conflitos e epidemias de HIV", afirma a principal autora do relatório deste ano, Jeni Klugman.

Como os dados divulgados no relatório deste ano vão somente até 2007, ainda não é possível mensurar o impacto da crise econômica mundial, iniciada no fim do ano passado.

Alison Kennedy, chefe da equipe de estatística do IDH, no entanto, diz esperar que os efeitos não sejam tão grandes: "O PIB per capita de muitos países pode ter sido bastante afetado, mas os indicadores de saúde e educação não reagem tão rapidamente a crises, o que poderá fazer com que a oscilação não seja tão significativa".

Brasil

Os indicadores brasileiros no IDH serão detalhados hoje pelo escritório do Pnud no país, mas, na comparação com o relatório de 2008, é possível verificar que o avanço se deu principalmente por causa do PIB per capita.

Educação e saúde também melhoraram, mas em ritmo menor, já que o analfabetismo adulto tem caído pouco no país e a expectativa de vida ao nascer (único componente do índice de saúde) não costuma sofrer oscilações bruscas de um ano para o outro.

Além do próprio IDH, o Relatório de Desenvolvimento Humano permite comparar outros indicadores.

É possível destacar, por exemplo, que apesar de ter registrado queda na desigualdade desde o início da década, o Brasil ainda permanece no grupo de dez países mais desiguais do relatório, atrás apenas de Namíbia, Ilhas Comores, Botsuana, Haiti, Angola, Colômbia, Bolívia, África do Sul e Honduras.

No Brasil, os 10% mais ricos detêm 43% da riqueza nacional, enquanto os 10% mais pobres, apenas 1%.

Na Noruega, país que lidera o ranking, os 10% mais ricos concentram 23% da riqueza, enquanto os 10% mais pobres respondem por 4%.

Outro indicador em que o Brasil destoa dos líderes é o investimento público em educação e saúde. Noruega, Austrália e Islândia investem, respectivamente, 35%, 31% e 36% de seu gasto público nessas áreas.

No Brasil, a proporção é de apenas 22%. O maior desnível acontece na saúde, setor em que o Brasil investe 7% dos gastos, menos da metade do que Noruega (18%), Austrália (17%) e Islândia (18%). (Fonte: Folha de S.Paulo)

http://www.diap.org.br ( Departamento intersindical de Assessoria Parlamentar)


Texto 3:

BRASÍLIA - O Brasil tem um histórico de aumento contínuo e constante do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), porém, a passos muito curtos. Essa é a constatação do coordenador do Relatório de Desenvolvimento Humano 2009 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Flávio Comim.

Brasil permanece estável em índice de desenvolvimento humano

O documento foi divulgado nesta segunda-feira e mostra que o País ocupa a 75ª posição em um ranking que inclui 182 nações. Segundo o relatório, o Brasil não tem conseguido avançar na lista. De 1980 a 2007, o IDH brasileiro aumentou apenas 0,63%.

No ano passado, o País ocupava o 70º lugar, mas uma revisão de dados fez com que a Dominica, a Rússia e Granada, subissem no ranking, ultrapassando a posição brasileira. “Dominica e Granada foram beneficiadas pelo aumento da expectativa de vida quando houve a revisão dos dados. No caso da Rússia, foi o aumento da renda que pesou”, explicou o coordenador.

Além disso, a entrada de Andorra e Liestenstein no ranking divulgado este ano (referente a 2007), também em posições acima da brasileira, fez com que o País caísse cinco posições, apesar de seu valor bruto no índice ter subido de 0,808, em 2006, para 0,813, em 2007.

De acordo com Comim, isso significa que o Brasil permanece na mesma posição. “Se um país cresce pouco, ele acaba ficando para trás no ranking”, explicou. Na análise dele, o maior desafio para que o Brasil consiga elevar consideravelmente sua posição no ranking é aumentar a expectativa de vida da população, que atualmente é de 72 anos em média – dez a menos do que a japonesa, por exemplo.

Nesse ponto, o maior entrave, segundo Comim, tem sido a alta taxa de mortalidade infantil brasileira. “Isso está ligado não só à saúde, mas também à educação. Por exemplo, entre as crianças filhas de mães sem nenhum acesso à educação, as taxas de mortalidade infantil chegam a 119 por mil nascidos vivos. É um número maior do que os de muitos países africanos”, afirmou o coordenador.

Para ele, aplicar 7% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro na saúde é pouco. “Faz 30 anos que o Brasil está atrás da Argentina, do Uruguai e do Chile no índice. O que puxa o IDH brasileiro para baixo é a saúde, a expectativa de vida”, destacou. Além disso, ele disse que a taxa média de matrícula de 87,2% nos níveis fundamental, médio e superior acaba sendo prejudicada pelo alto índice de analfabetismo.

“Se olhássemos apenas a taxa de matrícula, teríamos um IDH igual ao de países desenvolvidos. Mas, quando se acrescentam os 10% de analfabetos, isso puxa o IDH da educação para 71º [lugar]. Se olhássemos só a expectativa de vida, nosso IDH seria o de 82º.”

Apesar disso, ele reconhece que os programas de transferência de renda do governo podem ter reflexos positivos no índice. “Com esses programas, as crianças estão tendo acesso à alimentação e nutrição. Então, mais tarde, pode sim aparecer o resultado disso na expectativa de vida”, afirmou Comim.

O diretor de Análises do Ministério da Saúde, Otaliba Libanio, questionou os dados do Pnud. Segundo ele, o IDH foi baseado em informações defasadas e considera a taxa de mortalidade infantil do último Censo, ou seja, de 1991 a 2000. Para ele é preciso "buscar uma harmonização dos dados com o Ministério da Saúde". "Eu tenho certeza de que, quando sair o censo do ano que vem, vamos ter uma melhora no índice”, afirmou Libanio.

De acordo com o diretor, atualmente, a taxa de mortalidade infantil brasileira é de 17,9 crianças de até cinco anos a cada mil nascidas vivas. “Nos último dez anos foram criadas várias iniciativas, como o Saúde da Família, que ajudaram a baixar a taxa de mortalidade infantil. Nós, inclusive, vamos conseguir alcançar a meta do milênio nessa área antes do prazo previsto.”

(http://ultimosegundo.ig.com.br)


Texto 4:

Rio 2016: sonho ou pesadelo?

(...)

APOSTA CARA

A previsão de gastos do Rio é uma das mais altas entre os quatro concorrentes, mas em linha com os gastos previstos por Londres para sediar os Jogos de 2012, estimados em cerca de 28 bilhões de reais. Tóquio, com a maior parte da infraestrutura pronta, é a candidato com menor orçamento (menos de 10 bilhões de reais).

O clima geral na cidade é de otimismo para a votação. De acordo com dados do COI, 85 por cento dos cariocas e 69 por cento dos brasileiros apóiam a realização dos Jogos na cidade.

Quem é contra normalmente questiona o alto custo da organização em um país e uma cidade ainda carentes de serviços básicos, por exemplo, habitação -- já que boa parte da população carioca vive nas centenas de favelas espalhadas pelos morros da cidade.

"O Rio 2016 não é um sonho, mas sim um pesadelo", disse à Reuters Alex Pussieldi, técnico de natação brasileiro radicado nos EUA e comentarista de esportes olímpicos na TV, um dos críticos dos Jogos a se manifestar publicamente na Internet.

"Antes de receber uma Olimpíada, o Brasil precisa ser um país mais sério e organizado", disse. "Sou contra esse abuso de poder, gastos exorbitantes e contas nunca fechadas", acrescentou.

Mesmo se não ganhar, a candidatura do Rio já terá custado aos cofres públicos mais de 100 milhões de reais, parte destinada a alavancar a proposta brasileira no exterior.

O presidente da candidatura e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, encabeçou uma volta ao mundo para apresentar a candidatura a vários países.

"Onde havia voto os integrantes do COB foram atrás", disse à Reuters uma fonte do COB.

"Atravessaram rios no Congo e em países da África atrás de voto. Compraram assentos em espetáculos e jogos de futebol em que se sabia que haveria um membro votante. Faziam de tudo para parecer um encontro casual, mas fazia parte da estratégia da campanha", acrescentou.

(http://www.estadao.com.br)


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